sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O aprendiz de Jardineiro...


Por Paulo Augusto Farina;

Era uma vez, um jovem que possuía um belo ipê em seu quintal. Seu pai, o Jardineiro, o plantou por ocasião de seu nascimento. O ipê já era uma árvore adulta, porém, nunca havia florescido. Certo dia o tão esperado momento chegou: Foram centenas de flores amarelas que deixaram o jovem inebriado! Em seguida, formaram-se as sementes.

Eis que o jovem resolveu preparar mudas de sua árvore querida. Separou todas as sementes que conseguiu: 150 sementes. Preparou o substrato, plantou todas na mesma hora e as regava igualmente, todos os dias. Para a surpresa do jovem, das 150 sementes, apenas 50 germinaram. O jovem ficou triste, mas continuou cuidando de todas igualmente.

Das 50 mudas, 10 cresciam vigorosamente e as outras 40 cresciam em um ritmo mais lento. O jovem idealista não se conformou. Onde teria errado? Por qual razão somente 10 das 50 mudas cresciam mais? O aprendiz de jardineiro, em sua visão limitada da Natureza, desejava que todas as mudas se desenvolvessem de maneira igualitária... 

Para tanto, pensou, bastaria aumentar a rega e a adubação das mudas menores. Entretanto, para sua surpresa, as mudas menores não conseguiram acompanhar o crescimento das mais vigorosas! Diante do impasse, o aprendiz de jardineiro resolveu tomar uma medida mais radical: Diminuir a água e o adubo das mudas maiores! Observou que estas 10 mudas começaram a crescer mais devagar, entretanto, continuaram a se sobressair.

Mesmo assim, o jovem aprendiz não desistiu. Considerou que só havia um jeito de igualar a situação: Era preciso adotar uma medida mais drástica! Foi o que fez: Passou a podar as plantas mais fortes e conservou a política de assistência especial às plantas menores.

Eis que, após algum tempo, as mudas mais fortes estavam mutiladas e as menores continuavam em seu ritmo. Foi então que seu pai, o Jardineiro, resolveu intervir: Meu filho, não há como entrar em conflito com as Leis Naturais. É impossível corrigir a Natureza e não se pode substituí-la! Como você pode ver, todo o esforço empreendido neste sentido é nulo! O máximo que você poderia ter feito era continuar a dar mais atenção às mudas menores, porém, não deveria ter mutilado as plantas maiores! Observe como são  perfeitas as Florestas: Ali nenhum ser humano interviu nas Leis Naturais arbitrariamente! 

3 comentários:

  1. Linda fábula. Vejo que estamos diante de um novo e futuro Herman Hesse.
    Abraço.
    Sersank

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  2. Muito obrigado, Sérgio, mas estou longe do Mestre!

    Saudades de ti e das longas prosas poéticas, políticas e literárias!

    Fraterno Abraço de Rolândia!

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  3. Realmente uma bela fábula, é sempre um prazer ler textos assim.

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