sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Palavras à Juventude de Rolândia!


Na neblina dos Montes, Eles buscam a Filosofia da manhã!

Em 2004, Rolândia viveu uma situação política semelhante. Naquela ocasião, um pouco mais Jovem, escrevi esta Carta. Alerto, antes que me dirijam ataques insanos, que a leitura destas palavras não é indicada aos espíritos cativos e incultos de nossa cidade. Mesmo que tais almas consigam – o que seria um milagre – se libertar de seu famigerado dogmatismo antes da leitura do texto, nossas palavras ainda serão, para estas almas superficiais, totalmente incompreensíveis. A presente Carta é dirigida àqueles raros Espíritos Livres que possuem uma visão ampla e clara do que é Humano, demasiado Humano, como diria um dos nossos Grandes Mestres. O idealismo político e ideológico é próprio das Almas Jovens e, diante desta verdade, escrevi:  Nós Espíritos Livres, nós Visionários, nós Poetas, nós “loucos”, que sonhamos com o futuro, somos aqueles que plantam árvores para mais tarde. Muitas destas árvores não crescerão, muita semente não germinará, muitos de nossos sonhos se revelarão erros, enganos e tentativas falhas. Mas o que importa isso? Não devemos querer transformar poetas em gente prática, crentes em calculistas, sonhadores em organizadores. Os politiqueiros não fundamentam seu efêmero poder no coração ou na mente, mas na massa dos que julgam estar “representando”. Operam com aquilo que nós, Espíritos Livres, não podemos e nem devemos manejar, isto é o número e a quantidade de eleitores – que para nós não possui muito valor. Yang Tschou, um sábio chinês, afirmou o seguinte: Há quatro coisas das quais a maioria dos homens depende, que cobiça excessivamente: vida longa, glória, cargos e títulos, dinheiro e bens. O constante desejo dessas quatro coisas faz com que os homens tenham medo dos demônios, tenham medo uns dos outros e que tenham medo do castigo dos poderosos. Todo Estado Político se fundamenta nesse medo e nessa quádrupla dependência. As pessoas que sucumbem a essas dependências vivem como insanas. Não importa se os matamos a pancadas, ou os deixamos viver: o destino sempre lhes será algo imposto de fora. Mas aquele que ama seu Destino, e sabe que é uma coisa só com ele, que lhe interessam vida longa, glória, cargos ou riquezas? As pessoas deste tipo trazem a Paz em seu interior. Nada no mundo pode ameaçá-las, nada lhes pode ser hostil, pois carregam seu Destino dentro de si. Infelizmente, nosso povo optou pelo continuísmo, pelo autoritarismo e pelo conservadorismo. Desta forma é importante que nós, como integrantes da sociedade rolandense, façamos as seguintes perguntas: E eu? Até que ponto sou cúmplice? Onde, em mim, está o ponto em que se apóia a má imprensa? O autoritarismo? A fé nos velhos e ultrapassados “grandes” líderes políticos e espirituais de Rolândia? Meus Amigos, o maior dos Espíritos Livres, Nietzsche, assim se referiu ao fenômeno da ressurreição do Espírito: No leito de enfermo da Política, geralmente um povo rejuvenesce e redescobre seu espírito, que ele havia perdido ao buscar o Poder. A cultura deve suas mais altas conquistas aos tempos politicamente debilitados. Em todas as instituições em que não sopra o ar cortante da crítica pública, uma inocente corrupção brota como um fungo. Reflitam, pois: Não seria o caso de Rolândia? Por isso é que lançamos a sentença: Oh, farsantes e realejos calai-vos de uma vez! Nada tememos, pois nossa alma é livre e feliz! Reafirmamos, com toda ênfase, que continuaremos cantando e caminhando, pois quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra – e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe. Mas ele observará e terá olhos abertos para tudo quanto realmente sucede no mundo; (...) Nele deve existir algo de errante, que tenha alegria na mudança e na passagem. Sem dúvida esse homem conhecerá noites ruins, em que estará cansado e encontrará fechado o portão da cidade que lhe deveria oferecer repouso. Além disso, talvez o deserto, como no Oriente, chegue até o portão, animais de rapina uivem ao longe, um vento forte se levante, bandidos lhe roubem os animais de carga. Sentirá então cair a noite terrível como um segundo deserto sobre o deserto, e o seu coração se cansará de andar. Quando surgir então para ele o sol matinal, ardente como uma divindade da ira, quando para ele se abrir a cidade, verá talvez, nos rostos dos que nela vivem, ainda mais deserto, sujeira, ilusão, insegurança do que no outro lado do portão – e o dia será quase pior do que a noite. Isso bem pode acontecer ao andarilho; mas depois virão, como recompensa, as venturosas manhãs de outras paragens e outros dias, quando já no alvorecer verá, na neblina dos montes, os bandos de musas passarem dançando ao seu lado, quando mais tarde, no equilíbrio de sua alma matutina, em quieto passeio entre as árvores, das copas e das folhagens lhe cairão somente coisas boas e claras, presentes daqueles espíritos livres que estão em casa na montanha, na floresta, na solidão, e que, como ele, em sua maneira ora feliz ora meditativa, são andarilhos e filósofos... Nascidos dos mistérios da alvorada: Eles buscam a filosofia da manhã!

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