Empreendi a leitura de Expedição ao Inverno do escritor Israelense Aharon Appelfeld. A brilhante obra foi traduzida pelo Professor Luis Krausz, Doutor em Literatura Hebraica e Judaica na FFLCH/USP. A publicação da Editora Perspectiva, contou com o apoio cultural da Fundação Vicky e Joseph Safra. Trata-se de um romance de grande provocação intelectual e imensurável valor histórico. Por meio de "Kuti" (um menino judeu) o leitor penetra no complexo universo sociológico dos Judeus germanizados da Europa Central. Órfão, Kuti vai buscar trabalho em um Hotel na montanha. Todos os hospedes são judeus, vítimas de uma mesma epidemia: a melancolia ou depressão. A montanha atrai esses judeus não só pela beleza natural das serras, dos picos nevados, das florestas e do ar puro. Eles vêm em busca dos conselhos e das bençãos do Ish ha-mofet, ou homem milagroso. Para o Professor Krausz, o conflito entre a visão de mundo racionalista e germanizada, a tradição e a fé judaica permanece irresolvido e precipita os que nele se encontram na perplexidade, na angústia e nas aporias. Destaca-se que o drama existencial é agravado pelo horror nacional socialista. A solução que se apresenta em Expedição ao Inverno aos dilemas dos judeus divididos entre o intelectualismo da alta cultura germânica e a tradição e identidade ancestrais é um prenúncio e uma apologia do Sionismo e do movimento migratório em direção à Israel, que Appelfeld parece reconhecer como única solução possível para a complexa questão judaica. Vale a pena conferir!
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