Quem vê no Montanhismo algo a mais do que um mero esporte (regado a altas doses de adrenalina e endorfina) já deve ter peregrinado - ou ouvido falar - em Monte Crista, Serra do Quiriri, Caminhos de Peabiru, Civilização Inca, Jesuías e 'otras cositas mas'...
Neste ritmo lento de Carnaval há tempo para compartilhar algumas vivências sobre esta enigmática Montanha do vizinho Estado de Santa Catarina, Município de Garuva. Pois bem: Há uns três anos recebi ótimas referências sobre a Montanha do Irmão Paulo Lachner.
É muito prazeroso quando conseguimos executar dois objetivos ´de uma tacada só.´ Explico: costumo passar as férias familiares em Guaratuba e do alto do Morro do Cristo - onde anualmente brinco com o Thomas e a Pâ - há um panorama fantástico da Serra do Quiriri.
Afinal, poderia separar um dia para ir à Montanha - sem decepcionar mulher e filho - nas férias. Meu primeiro 'ataque' foi há cerca três anos, em compania do Rabib, que passava férias em Barra do Saí.
Até esboçamos uma tentativa, mas chegamos à Garuva sob chuva intensa. Não conseguimos recolher informações suficientes. Um morador que se dispôs a receber-nos não havia subido o Crista e outro o conhecia só por ouvir falar. Decidimos retornar...
Até esboçamos uma tentativa, mas chegamos à Garuva sob chuva intensa. Não conseguimos recolher informações suficientes. Um morador que se dispôs a receber-nos não havia subido o Crista e outro o conhecia só por ouvir falar. Decidimos retornar...
No ano seguinte decidi fazer cume (em ataque solo) sob quaisquer condições... Esperei uns quatro dias sob chuva em Guaratuba, até que no quinto, o tempo se abriu... Às 7:30 h. já havia ido a padaria, tomado umas cuias de Chimarrão quando minha esposa acordou...
Expliquei a ela que não poderia desperdiçar esta oportunidade ímpar... Afinal haveriam mais três dias de praia (talves, todos de sol) para curtirmos o resto de nossas férias... Ela aquiesceu, desejou boa sorte e eu parti para a Serra! Cheguei em Garuva com pouca neblina...
Comprei um maço de Carlton (na época ainda fumava cigarros industrializados) e parti em direção à Joinville. Após alguns quilômetros uma Placa na beira da Rodovia sinalizava meu destino: 'Parque Aqüático Monte Crista'. Ufa, não havia perdido a entrada...
Logo o tempo se abriu e o Monte Crista surgiu imponente. Estacionei o Uninho em uma chácara frontal a Ponte Pênsil... O proprietário (era de uma Família de descendentes de Alemães) explicou-me que desde a trajédia de 2008, ninguém havia subido à Montanha.
O início da Trilha foi tranqüilo. Atravessei o Rio Três Barras e continuei na trilha. Como não costumo usar relógios, estava suspenso no tempo e tocando sempre adiante. Havia alguns trechos de pedras (para alguns assentadas pelos Incas e para outros, obra de Jesuítas)...
Aliviado, constatei que estava no caminho certo... Logo cheguei a um grande deslizamento que havia interrompido a trilha. Decidi contornar a impressionante cratera através da Mata. Posteriormente, o trajeto que desenvolvi acabou tornando-se a trilha natural...
As escadarias de pedra ainda não apareciam e cheguei a duvidar que estava no caminho certo. Decidido, toquei adiante acelerado. Na descida de um vale elas finalmente apareceram, uma impressionante obra com blocos de Granito, dotada de sistema de drenagem!
Segui até a uma clareira na Floresta - tradicional ponto de acampamento - próximo a um belíssimo Salto. Como estava sozinho na Montanha, decidi refrescar-me tomando uma ducha fria, nu no Salto... Mais adiante, outro deslizamento, este mais antigo.
Retornei as escadarias de pedra e comecei a notar que a vegetação se transformava. Novas espécies de Acanthaceaes e Caratuvas anunciavam a transição aos Campos de Altitude. Parei para dar uma respirada no ar refrescante da Montanha e notei que meu suor evaporava...
O corpo estava quente. Não sabia quais horas eram, mas sentia que estava próximo ao objetivo. Acelerei até os campos e platôs do Quiriri surgirem diante de meus olhos e logo encontrei a bifurcação para o Monte Crista. Animadíssimo, inicei uma susse subida do 'top' final...
A medida que os grandes tótens de pedra surgiam, a visão tornava-se mais ampla... Foi inesquecível chegar ao pé do Vigia (ou Guardião) e observar Joinville ao horizonte, Garuva, trechos de litoral, Ilha de São Francisco e a própria Serra do Quiriri...
Como não havia ninguém para julgar meus atos, dei urros à plenos pulmões e acomodei -me em uma sombra. Fiz lanche, `largatiei´ bastante e fumei um tabaco em meu cachimbo... Em uma pedra próxima, um Abutre me observava sem muita preocupação...
Aproximei-me à uns três metros e capturei o Abutre da Montanha... Satisfeito decidi retornar... A descida foi tranqüila, com direito a um novo banho no salto e observação atenta da Mata Atlântica... De volta à Chácara dos Alemães, conversei com a filha do Casal.
Contei-lhe sobre o recente deslizamente e compartilhamos algumas experiências sobre a Mística Montanha. Entrei no uninho e às 17:00 hrs. já estava em Guaratuba. Afinal: Missão cumprida antes mesmo que minha mulher e filho houvessem chegado da Praia... Desde então, o Monte Crista tornou-se destino certo em todas as minhas viagens à Guaratuba!
Caro Amigo Farina,
ResponderExcluirNão se esqueça de me convidar na próxima ida ao Monte!!!
Posso chegar mais tarde, mas chego!!!
Abraços
Rapha Marques
Grande Irmão!
ResponderExcluirPrecisamos agendar empreitas no Ibitiraquire e Quiriri...
Mantenha contacto, Bons Ventos!