Summit: Pico Agudo. |
No Montanhismo o quanto pior melhor não possui a mesma conotação da Política. Quanto mais adversas as condições de tempo, vegetação e trilha, maior é a obstinação dos integrantes da Confraria.
Regra de ouro: Agendada uma Iniciação ao Templo, só haverá cancelamento, em caso de força maior ou de falta de quórum. Pelo menos, esta é a prática mais usual observada na Montanha...
A iniciação ao Pico Agudo - em especial - geralmente reserva várias surpresas. Setenta por cento dos candidatos, em tempos pretéritos, não chegava ao cume em sua primeira tentativa...
Na época havia carência de informações, eram péssimas as condições das estradas e as trilhas não estavam bem definidas. Tudo isso aliado à vegetação e solos, em vários pontos, degradados...
Houve ainda relatos de ataques de animais peçonhentos... Felizmente, hoje há muitas referências ao Pico Agudo na internet e as trilhas estão "batidas"...
Contudo, houve um tempo em que tínhamos que abrir "trilhas" "no peito" em meio ao capim colonhão - repleto de vespas - e sob condições claustrofóbicas...
Se estivesse ao meu alcance levar todos Irmãos ao Pico Agudo - eu o faria com prazer! Por isso nunca disse não ou omiti informações sobre a Montanha a qualquer candidato sincero!
Há dois anos, meu Irmão Derlan - o popular Rabib - me ligou confirmando uma tripp no PA. Em face das previsões climáticas adversas, muitos desertaram.
Sexta, às 18:00 horas, o "Rabib" avisou que estava deixando Guarapuava e que fazia questão de conhecer o Pico Agudo. Pensei: ainda bem, pois sem ele não haverá empreita!
Sexta, às 18:00 horas, o "Rabib" avisou que estava deixando Guarapuava e que fazia questão de conhecer o Pico Agudo. Pensei: ainda bem, pois sem ele não haverá empreita!
Ficou acertado que iríamos com o meu uninho. Chovia. Fiquei imaginando como estariam as estradas da Serra, se conseguiríamos fazer uma aproximação, como estariam as trilhas, etc...
Cheguei a temer que não nos fosse concedido levar nosso Estimado Irmão ao cume do Norte do Paraná. Diante da insônia que se anunciava, decidi recorrer - por antecipação - ao bom e velho Tabaco de Montanha!
Enfim, sono. Acordei tarde, às 10:00 hrs e saí desesperado atrás dos mantimentos. No mercado encontrei meu Irmão Derlan, já ansioso - com esposa e filha tentando demovê-lo da empreita!
Mas Rabib estava decidido. Iríamos sob quaisquer condições! Despedimo-nos e marquei com ele às 11:00 hrs. Cheguei em sua casa meio dia e novas súplicas de esposa, filha, mãe, pai, enfim...
Entramos no carro e fomos buscar o Marcones. Às nossas variadas preocupações, somou-se, agora, o fator horário. Para ajudar, voltou a chover forte....
Recebemos mais pressão para abortarmos a empreita - agora por parte de Viviane, esposa do Marcão. Respondemos que tal hipótese estava totalmente fora de cogitação!
Ajudamos o Marcão a preparar a "mochila" e entramos no carro. Logo o tradicional otimismo Pé-Vermelho permeou as conversasões... Afinal, chegamos a Londrina sob tempo nublado, mas sem chuva!
Tocamos em frente. Na Serra Fria, as nuvens estavam sinistras e o vento gélido! Logo no começo da estrada para o Bairro Lambari, decidimos acender um Tabacco de Montanha...
Estávamos alegres, pois as estradas estavam transitáveis. Tudo ocorreu bem até o Assentamento (Comunidade São Luiz). Lá os moradores nos informaram que havia chovido muito nos últimos dias...
Embalei o unininho e me preparei para o "raid"... Passamos o rio e conseguimos - por milagre - chegar a entrada da Fazenda e RPPN I-Nhó-Ó. Já eram 16:00 hrs...
Ainda tentei subir um "top", mas o uninho quase foi parar em uma vala... Partiríamos dali mesmo - e rápido - pois era tarde e pretendíamos dormir no cume.
Começou a chover novamente. A caminhada tornou-se árdua. Barro, escorregões, peso. Fechamos a cara e partimos em frente. Chegamos a "mangueira" às 17:00 hrs e encontramos um carro de Paranaguá. Havia mais alguém na Montanha...
Logo após encontramos o casal que retornava de um "bate-volta" dizendo que a chuva havia sido intensa. Tocamos em frente... Contornamos a Serra Chata e logo abriu-se a visão do Pico Agudo!
Foi a primeira e última. Praticamente corríamos e na primeira mata o tempo fechou novamente. Retornamos ao colonhão sob os efeitos da Tela Branca.
Perto das 18:00 h. chegamos à segunda mata. Assembléia. Todos cansados. Tempo péssimo. Anoitecer próximo. Abortamos o cume e decidimos montar acampamento...
Posteriormente, tal decisão revelou-se extremamente sensata! Após o jantar, degustamos mais um pouco do Tabaco de Montanha e aproveitamos para colocar as conversas em dia.
Lá pelas 22:00 h. chegamos a ver o cruzeiro do sul... Fomos dormir animados... Acordei às 3:00 h. e percebi que ventava muito. Galhos estalavam por toda a Floresta...
O Rabib também estava acordado e inseguro quanto às condições do dia vindouro. O Marcão escutou nossas conversações e, de sua barraca, externou seu pessimismo.
De minha parte, estava preocupado. Haveria ascensão? Conseguiríamos desatolar o carro? Recorremos ao Tabaco de Montanha e, algum tempo após, ao sono.
Amanheceu. Chovia. Névoa total na floresta. Café da Manhã e Assembléia. O Marcão advogava o retorno, eu insistia no cume e ao Derlan caberia o voto de desempate.
Estávamos “fodidos” de qualquer jeito e já havíamos feito 90% da trilha. O Rabib votou comigo e partimos imediatamente para o ataque final sob chuva.
Ao sair da floresta percebemos a real extensão do dilúvio... Chovia forte e as trilhas eram verdadeiros córregos lamacentos...
Na metade do Paredão - para meu espanto - o Rabib desanimou: Vamos voltar... Permaneci em silêncio, esperando o voto do Marcones...
Mas a grande surpresa estaria por vir: O Marcão, irado, afirmou: - Agora sou eu que não vou deixar você voltar sem Cume! Meu voto foi expresso por um leve sorriso...
Chegamos ao Cume sob os efeitos psicodélicos da tela branca e fortes ventos gélidos. Imediatamente nos dirigimos ao Livro de Cume, para registrar os eventos...
A visibilidade se resumia a poucos metros. Fiz meu relato e passei o Livro para o Rabib. A caneta pifou. Duas ou três fotos (não dava para fumar) e retornamos.
A chuva engrossou de vez. Os pingos ardiam na pele. Desmontamos o acampamento. Chegamos a casa do Livercino lá pelas 10:30 h...
Tomamos um café quentinho. Eu fumei um cigarro de palha com o Livercino. A hospitalidade da população da Serra dos Agudos já é conhecida por todos os Confrades.
Tocamos em frente e nenhuma novidade climática. Chegamos ao carro (completamente encharcados) às 11:30. Sorte que havia deixado o uninho "embicado" numa descida...
Deslizando e acelerando cruzei o Córrego – que havia se tornado um rio de águas caudalosas – e consegui chegar ao Assentamento. Todos respiramos aliviados...
A partir daí a estrada é mais bem conservada. Chegamos à Rolândia às 15:00 h. Ironia da Montanha: Somente após tomar banho e deitar no sofá, foi que o tempo se abriu... Risos!
As três testemunhas do Dilúvio. By Marcos Huss.
Pela foto nem deu pra ver o Rio Tibagi né!?
ResponderExcluirGrande epreita!
parabéns
Que aventura heim, isso sim que é ser amante do montanhismo, não importa as condições, o importante é chegar ao cume do Agudo rss
ResponderExcluirEu já passei por uma situação parecida tmb lá no Agudo.
Saimos de São Sebastião da Amoreira com o tempo nublado, chegamos lá em baixo de chuva, a névoa forte nem permitiu a visão do Tibagi, escorregões foram muitos, e na hora de voltar pra casa o suplicio de desatolar o carro...Mas sempre vale a pena subir o PA, é uma natureza incrivel e bem perto de nós. Abraço e "bons ventos".
Olá Eva! Muito obrigado pelas referências! Vc, sem dúvida, faz parte da Comunidade dos Agudistas de Coração! Veja: A UHE Mauá está sendo edificada à apenas 18 km ao sul do Cume do Pico Agudo... Não há exclarecimentos sobre as áreas que serão afetadas pelas outras 6 UHEs projetadas no Rio Tibagi... Assim sendo, não há como saber se o aspecto cênico da Serra dos Agudos será diretamente afetado... Então vamos permanecer unidos e em Alerta! Bons Ventos!
ResponderExcluirputz cara já fui pra lá em dia de chuva, só q eu fui amassando barro a pé de lá do bairro são luiz até no pé do pico com mochilas pesadas, agora te pergunto, se acha q eu eu cheguei la em cima, fiquei no pé do pico acampado la e fui embora no outro dia.com dor em tudo...kkkkk não cheguei ao cume ainda mais eu vou.
ResponderExcluirOlá Conrado! O PA tem dessas... Uma Montanha que necessita de perseverança... Contudo, vale a pena cada passo dado, seja sob sol, chuva, frio ou calor! Seja bem vindo em Arquivos (des)conexos e poste sempre! Bons Ventos, Brod!
ResponderExcluirOlá Paulo, estive nos dias 8 e 9 de julho no P.A., subi à noite e pernoitei por lá, grande visual! Em outra oportunidade já vi a trilha bem degradada, no entanto dessa vez vi muitas rochas médias se soltando, acredito ser importante o relato devido ao risco ocorrente. Tenho outras dúvidas a tratar com você, não vi seu email, se puder por gentileza me passe: gustavogoes@msn.com. Forte abraço!
ResponderExcluirFala Irmão!
ResponderExcluirSobre esta questão da erosão da trilha, é interessante tomarmos medidas para contê-la...
Aproveitar as pedras que estão se soltando e assentar degraus, visando combater a erosão...
Instalar correntes nas partes mais expostas, evitando maior pressão sobre a vegetação...
Enfim, muito obrigado pelo depoimento e, vamos conversando!
Bons Ventos!
Grande Irmão, realmente não existem dias bons ou ruins na montanha, existem belezas diferentes. Esse ano vou me programar para conhecer mais essa beleza do nosso maravilhoso estado.
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
Bons ventos!
Magrão - Curitiba
Grande Frater, Saudações!
ResponderExcluirResumiste muito bem a essência do Montanhismo!
No PA encontrarás cenário incomparável aliado a
um ecossistema peculiar... Vale a pena!
Agradeço a honrosa visita e comentários!
Bons Ventos!
O PA foi minha primeira (grande) aventura, e a única por enquanto. Em breve vou levar dois amigos pra suas iniciações ao PA.
ResponderExcluirParabéns pelo blog, muito nobre da sua parte compartilhar suas trips e ideias. É muito valioso para mim.
Abraço!
Cawe: Deveras, o PA é um dos locais mais fantásticos do Paraná. Tenho certeza de que será uma experiência fantástica esta sua nova perigrinação ao Templo do Montanhismo Norte Paranaense. Agradeço suas referências ao nosso trabalho e sinta-se em casa para participar sempre! Bons Ventos!
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