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A equipe no Taipa. |
Com o nascimento de meu quarto filho, o alvará de montanha andava curto em casa. Nos últimos meses, além de curtir minha bebê Eva e me dedicar ao jardim, estive imerso nos dramas ambientados nas montanhas dos Cárpatos (anos 30 e 40) por meio das obras do célebre escritor judeu, Aharon Appelfeld.
Quando minha esposa finalmente deferiu
o alvará, estabeleci como objetivo percorrer um setor do Ibitiraquire inédito
para mim, com um cronograma ousado: Fazer Taipa, Ferraria e Ferreiro de ataque,
partindo de Rolândia, após o expediente. Todos os convidados desertaram, menos
meu filho Thomas.
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Thomas no Pico Ferreiro. |
Na véspera, por sugestão de meu cunhado Lucas, convidei Raphael Marques (Gambiarra) de Curitiba, que topou de imediato. A previsão do tempo estava ótima. Sexta à noite fizemos compras, arrumamos as mochilas e partimos. Liguei para o Gambiarra e combinamos o encontro na Fazenda Rio das Pedras.
Ofereci o volante ao Thomas para
sua primeira longa viagem. Para ajudá-lo, o velocímetro da Duster não estava
funcionando e passamos pelos radares usando a intuição... O menino mandou bem! Só
espero que não venham multas... Ligamos para o Gambiarra assim que chegamos na
Serra do Purunã.
As 4h30 estacionamos na Fazenda.
Gambiarra já nos esperava. Sem enrolação, calçamos as botas e pé na trilha,
colocando o papo em dia... Chegamos ao Getúlio antes do alvorecer. Saí sem
água, para me abastecer no córrego do Caratuva e, uma vez lá, seguimos o leito
seco em busca do precioso líquido...
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Alvorecer no Getúlio. |
A trilha está evidente para
quem tem vivência em Montanha. Não tomamos nenhum perdido, não consultamos
aplicativos e chegamos ao Ferraria em cerca de 1h45 de caminhada. Pausa para
descalçar as botas, lanchar, preparar o cachimbo e lagartear, afinal estávamos
com tempo de sobra...
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Thomas e Gambiarra no Ferraria. |
Após uma hora naquele belíssimo cenário, partimos rumo ao Ferreiro. Apesar de ser a parte menos frequentada da trilha, não tivemos dificuldades. Talvez, se o tempo estivesse zicado, as coisas teriam sido diferentes... Em montanha há muitas variáveis: estado de espírito, vivência, clima e preparo físico!
Ao chegarmos ao Ferreiro
encontramos dois jovens (Matheus e Vinicius) que estavam fazendo a Circular no
sentido inverso. Papo vai e o Gambiarra perguntou qual seria a próxima
Travessia deles. Pensei que iriam mandar um Marco 22, Alpha-Ômega,
Farinha Seca e o Vinicius responde: Serra Grande de Ortigueira!
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Dupla promete ser a primeira a repetir a TSG. |
Daí em diante foi uma confraternização geral. Eles haviam tomado ciência do desafio montanheiro no Norte do Estado por meio de nosso relato em Alta Montanha. Explicamos que lá o negócio é mais embaixo. Para começo de conversa, a Serra Grande é um sertão, a vegetação é mais cerrada e, para ajudar, a Travessia nunca foi repetida, logo: facão e lima serão indispensáveis!
Nos despedimos dos confrades,
tomamos nossos últimos goles de água e partimos para o trecho final.
Rapidamente alcançamos a Cachoeira dos Putos para nos esbaldar na água gelada.
Seguimos pelo trecho final da Picada do Cristóvão, que já havíamos conhecido em
uma incursão do CUME à Janela da Conceição...
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Na Cachoeira dos Putos. |
Chegamos à Fazenda às 15h. Conforme o planejado, retornamos para dormir em Rolândia, afinal sou muito fresco para dormir com roncadores. O Thomas foi babando todo o percurso. De Ponta Grossa em diante foi uma viagem difícil... No auge dos meus 40 e tantos cheguei à conclusão que mais vale uma noite mal dormida na Serra do que um perrengue na boleia!
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