Primeira Ordem: Eleito Secreto
Com
o Mestrado, vários caminhos se abrem diante do Maçom. Fato pacífico, cada Rito
possui seu próprio sistema de aperfeiçoamento e, tal como ocorre no Simbolismo, os
Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito são os mais praticados no Brasil.
Por esta razão, a questão da correspondência ou equivalência entre os sistemas, cedo ou tarde,
interessará ao iniciado nas Ordens do Rito Moderno e Francês.
Historicamente,
visando coibir à proliferação indiscriminada de Graus e estabelecer uma
doutrina própria para o Rito Moderno, o
Grande Oriente da França instituiu, em 1782, uma Câmara de Altos Graus. Foi este
órgão que, em 1784, promoveu
a unificação de sete Soberanos Capítulos Rosa-Cruz, criando uma nova
instituição denominada Grande Capítulo Geral de França.
Este
Grande Capítulo, sob a orientação de Roettiers de Montaleau, efetuou
a análise e o estudo de uma centena de graus e redigiu Rituais próprios,
dividindo-os em Ordens, a saber: 1ª Ordem: Eleito Secreto; 2ª Ordem:
Eleito Escocês; 3ª Ordem: Cavaleiro da Espada ou Cavaleiro do Oriente; 4ª Ordem: Cavaleiro Rosa-Cruz e a 5ª Ordem: Ilustríssimo e Perfeito Mestre. Segundo o Ir∴ Antônio Onías Neto houve um período, em
Portugal, no qual a Quinta Ordem chegou a funcionar com um Grau 8 (Kadosh
Perfeito) e um Grau 9 (Grande Inspetor).
Os chamados Altos Graus Escoceses, tinham como especificidade vincular-se às origens cavalheirescas da Maçonaria. Este fenômeno franco-alemão, surge depois da tese apresentada pelo Cavaleiro Ramsay, em 1736, na Loja Le Louis d´Argent: após a dissolução da Ordem do Templo pelo Papa Clemente V e o Rei Felipe, o Belo, em 1312, alguns Templários teriam encontrado refúgio em Heredom, daí a origem do termo Escocês nos Ritos Maçônicos e de escocismo nos Altos Graus.
É certo, portanto, que a codificação de 1784, já incluía uma quinta Ordem que atuaria como “Academia detentora de conhecimentos provenientes
de outros sistemas e grupo de coordenação administrativa”. Com o Regulateur de 1801, todos os graus do Rito Moderno passaram a
ter o seu ritual.
Como
explica o Ir∴ Villalta a carreira iniciática de um Maçom do
Rito Moderno, nos Altos Graus, passava pelas quatro Ordens. A quinta não
continha nenhum ensinamento iniciático particular e novo, visto que o grau de
Rosacruz guardara durante o período de 1784 a 1786 o status de nec plus ultra do Regime Moderno e
Francês. O regulamento, fixado em 1784, afirma:
Artigo 29: A 5ª Ordem
compreenderá todos os graus físicos e metafísicos e todos os sistemas adotados pelas associações maçônicas em vigor.
Atualmente,
no Brasil, se reorganizou o Rito, mantendo-se a quinta ordem e subdividindo-a
em dois Graus: 8º Grau - Cavaleiro da Águia Branca e Preta, Kadosh Filosófico e
o 9º Grau - Cavaleiro da Sapiência.
As
semelhanças entre as Ordens do Rito Francês e os Altos Graus do Rito Escocês
não é mera coincidência, vez que a Maçonaria continental do século XVIII foi
Moderna, inclusive para os Graus escoceses.
O que o Grande Capítulo Geral fez, em 1784, foi redigir para cada uma das
quatro Ordens, um único grau, destinado a refletir sua essência
fundamental.
A tragédia dos três companheiros assassinos do Mestre Hiran Abiff, julgados e condenados pelas próprias consciências, guarda um paralelo incrível com a obra Crime e Castigo de Dostoiévski. Neste clássico, o personagem principal Rodion Raskólnikov, após cometer o assassinato de uma velha agiota, movido por intenções altruístas, não chega a usufruir do ganho delituoso devido ao arrependimento. Acometido por dramas psicológicos terríveis acaba por confessar o delito e entregar-se a Justiça para cumprir a pena que lhe fosse imposta.
REFERÊNCIAS:
DOSTOIÉVSKI, F.M. Crime e Castigo. São Paulo: 34, 2001.