sexta-feira, 30 de julho de 2021

Prata: O Distrito fantasma de Cambé!

Capela Santa Terezinha no Distrito da Prata.

Com o declínio da cultura cafeeira após a geada negra de 1975, houve um grande êxodo rural. Ainda hoje é possível encontrar ruínas de igrejas, vendas e vilarejos em praticamente todos os Municípios do Norte do Paraná. Infelizmente, com o passar do tempo, esta história está desaparecendo. Neste fim de semana, decidimos revisitar um Distrito de Cambé, outrora pujante, com Cartório, Igreja, Escola, Salão Comunitário e até um Cemitério. Trata-se da Prata. Estive duas vezes lá, de passagem, nos velhos tempos de MTB. Desta vez, retornei com a Família para procurar as ruínas do antigo Cemitério, ou melhor: o que sobrou dele! Em rápida pesquisa na internet encontrei a Lei Municipal nº 362/78 que, em seu Artigo 14, inciso I, enumerou os dois cemitérios convencionais do Município vizinho: “o cemitério municipal de Cambé e o localizado na sede do Distrito da Prata”.  Assim sendo, a Lei atesta que o Cemitério esteve ativo, pelo menos, até o ano de 1978. Jair Zerbinati, nascido no Distrito, narra que a área do Cemitério possui um solo piçarrento. As covas eram rasas, sendo comum o sepultamento de corpos envoltos em lençóis brancos... Por esta razão, diversas vezes, encontraram covas reviradas por tatupebas carniceiros... Pois bem. Munido destas informações, convidei meu cunhado Tuka e partimos de Rolândia às 15h. Chegamos à Prata perto das 16h. Estacionamos na Igreja abandonada e passeamos pelas ruínas da escola e salão comunitário. Hoje restam no Distrito 5 casas. Decidi procurar o Cemitério em um capão de mato atrás da Igreja. Nem um sinal de jazigos, tijolos, etc... A família começou a me olhar desconfiada, mas não me dei por rogado! Ao retornar aos veículos encontrei um morador que me informou a localização do Cemitério. Segui pela estrada 400 metros pra frente da Igreja. Ingressamos em uma plantação à esquerda e caminhamos 200 metros até o antigo Cemitério (hoje um capão de mato com aproximadamente 3.700 m2). Não há trilhas e a mata é uma quiçaça repleta de colonhão, cipós e árvores pioneiras... Logo começamos a observar restos de tijolos, potes de vidro, metal e telhas de cerâmica. Aqui e ali registrei a presença de vegetais exóticos, provavelmente plantados na época em que o Cemitério estava ativo. Meus filhos e o cunhado decidiram retornar e eu continuei investigando melhor a área. Mais adiante, próximo as ruínas de um jazigo, encontrei uma coroa funerária e uma cruz metálica que, coincidentemente, havia sido registrada por estudantes da UEL anos atrás... Em resumo: A Prata está sendo corroída pelo tempo! Em breve só restarão causos,  lendas e logo chegará o dia em que, lamentavelmente, todas estas memórias serão perdidas!

Cruz e coroa metálica do Cemitério abandonado. Foto Danilo Amaral.