Sinto por Fernando Pessoa um Amor
Fraternal e devoto-lhe o respeito devido a todos os Grandes Mestres da Humanidade. Centenas
de estudiosos, ao longo do último século, foram unânimes em classificá-lo como
o maior escritor contemporâneo da Língua Portuguesa. Entretanto, não se trata
apenas de gênio literário; Pessoa é um iluminado. Poucos escritores conseguiram
alcançar semelhante profundidade metafísica. Em 1935, indagado pelo amigo e
poeta Adolfo
Casais Monteiro, Fernando Pessoa discorreu sobre sua visão e relação com a Filosofia Maçônica, in verbis: Creio na
existência de mundos superiores ao nosso e de habitantes desses mundos, em
experiências de diversos graus de espiritualidade, sutilizando-se até
chegar a um Ente Supremo, que presumivelmente criou este mundo. Pode ser que
haja outros Entes, igualmente Supremos, que hajam criados outros universos, e
que esses universos coexistam com o nosso, interpenetradamente ou não. Por
estas razões, e ainda outras, a Ordem Externa do Ocultismo, ou seja, a
Maçonaria, evita a expressão "Deus", dadas as suas implicações
teológicas e populares, e prefere dizer "Grande Arquiteto do
Universo", expressão que deixa em branco o problema de se Ele é criador ou
simplesmente Governador do mundo. Dadas estas escalas de seres, não creio na
comunicação direta com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual,
poderemos ir comunicando com seres cada vez mais altos. Há três caminhos para o
oculto: o caminho mágico (incluindo práticas como as do espiritismo), caminho
esse extremamente perigoso, em todos os sentidos; o caminho místico, que não
tem propriamente perigos, mas é incerto e lento; e o que se chama de caminho
alquímico, o mais difícil e o mais perfeito de todos, porque envolve uma
transmutação da própria personalidade que a prepara, sem grandes riscos, antes,
com defesas que os outros caminhos não tem. Quanto a "Iniciação" ou
não, posso dizer-lhe só isto: não pertenço Ordem Iniciática alguma. A citação
epígrafe ao meu poema Eros e Psique, de um trecho
(traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro Grau da Ordem
Templária de Portugal, indica simplesmente- o que é fato - que me foi permitido
folhear os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou
em dormência desde 1888... (Alguma Prosa, p. 55 e 56).
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