QUADRIVIUM: O ESTUDO DOS NÚMEROS!
Etimologicamente,
Quadrivium significa cruzamento
de quatro caminhos (quadri, quatro; vium,
caminho). Na
Antiga Grécia, foi atribuído ao matemático pitagórico Arquitas de Tarento (428
– 347 a.C) a divisão da Matemática em quatro ramos, a
saber: Aritmética – ou ciência dos números em repouso; Música – ou
arte dos números em movimento, podendo ser considerada como aplicação prática
da aritmética; Geometria – ou ciência das grandezas em repouso, relacionadas a
teoria do espaço; Astronomia – ou estudo das grandezas em movimento,
uma aplicação prática da Geometria.
Para Boécio (489 – 524 d.C) “se o investigador carece desses quatro
ramos não poderá encontrar o que é verdadeiro e sem essa especulação da
verdade nada pode ser retamente conhecido”. A afirmação de Boécio sugere a
utilização do Quadrivium na busca da verdade, através do raciocínio abstrato e
interpretação simbólica dos números.
Essa mesma ideia é vista em Isidoro de Sevilha (560 – 636
d.C.) quando o mesmo divide a Filosofia em “especulativa” e “prática”,
onde a primeira “eleva-nos
acima do visível tornando possível contemplarmos as coisas divinas e
celestiais, as quais só podem ser apreciadas com a mente, pois está acima do
corpo”. O Quadrivium seria, portanto, o melhor meio de compreender a ordem
do Universo, enquanto obra primorosa concebida pelo Grande Arquiteto.´
Sabemos que o Universo é repleto de simetrias. Na Matemática há,
de modo geral, dois tipos de simetrias: as simetrias geométricas e as
numéricas. O Judaísmo (alicerce teológico do monoteísmo Ocidental) está em
sintonia com este entendimento desde suas origens. Em hebraico, cada letra
possui um valor numérico e simbólico. Neste sentido, a Torah é
um Código Numérico (representativo do DNA da Criação) cujo estudo é um dos
objetivos da Kabbalah. Neste ponto, pitagóricos e judeus concordam: Tudo
é número!
ARITMÉTICA: é o ramo mais elementar da Matemática, ocupando-se do
estudo das operações numéricas: soma, subtração, multiplicação, divisão, etc. Etimologicamente, a palavra aritmética se originou a
partir do grego arithmētikḗ, que pode ser traduzido como "ciência dos
números".
Historiadores acreditam que a Humanidade
começou a contar objetos há dez mil anos. O estudo das estruturas matemáticas
começa com os números naturais e segue com extração de raízes quadradas,
cúbicas, equações polinomiais, trigonometria, frações entre
outros. Para o Companheiro é uma Ciência fundamental seja enquanto chefe de família, empresário, consumidor ou mesmo como
membro da Ordem Maçônica.
Além da destacada importância para o
sucesso de nossa existência material, a Aritmética possui grande valor
iniciático, vez que possibilita ao Maçom uma compreensão mais profunda da
Harmonia Universal.
MÚSICA: Desde as eras mais longínquas o homem produz sons. Esses
sons, numa sequência melódica, originam a música. Todos os povos antigos, sem
exceções, emprestaram a música um papel relevante nas celebrações religiosas,
cívicas, bélicas, dentre outras. Para a Escola Pitagórica
era um sinal da harmonia do Cosmos e via para alcançar o equilíbrio interno. Os
pitagóricos foram os primeiros a fundamentá-la cientificamente. Consideravam,
com acerto, que a música tinha uma aritmética escondida.
Estudos revelam que a Música Clássica (p. ex.) favorece a saúde, a concentração e eliminam padrões negativos de pensamento. De modo contrário,
ritmos agressivos (como o hip hop e o funk carioca) produzem inquietação,
desconforto, distúrbios psicológicos, agressividade e danos à saúde.
O Companheiro Maçom deve ter ciência que nosso organismo possui
uma freqüência que rege os átomos e órgãos. Esta freqüência é influenciada
pelas ondas sonoras e ritmos que ouvimos. Assim sendo, a Música que escutamos
pode harmonizar nosso corpo ou causar um choque nocivo, desequilibrando o
organismo. Conforme explica Camino (p. 132) a boa música é um elemento que
conduz por caminho natural e suave à meditação.
GEOMETRIA: O Rito Francês praticado pelas Oficinas do Grande Oriente do Paraná define Geometria como “ciência que estuda o
espaço e as estruturas” (p. 43), “fundamento da
Ciência Positiva” (p. 77) e “Arte Liberal por
excelência empregada por nossos honoráveis antepassados operativos. A Geometria
é sinônimo de Maçonaria, pois governa os Fundamentos do Universo” (p.
60). Tal fato é corroborado pelo Poema Régius (antigo manuscrito da Maçonaria
Operativa datado de 1.390 d.C).
Originalmente a letra ‘G’ significava apenas Geometria, a Arte Sagrada. Os demais significados só foram acrescidos no século XVIII. Diz o Ritual (p. 77): “Sem ela (Geometria) o Espírito do homem perder-se-ia em vãs filosofias”.
Originalmente a letra ‘G’ significava apenas Geometria, a Arte Sagrada. Os demais significados só foram acrescidos no século XVIII. Diz o Ritual (p. 77): “Sem ela (Geometria) o Espírito do homem perder-se-ia em vãs filosofias”.
A Geometria também é considerada a Ciência do
Trabalho, pois ensina o homem a medir todas as coisas existentes no
Universo. Para Camino (p. 251) “os
Maçons faziam da Geometria seu principal objeto de estudo, porque cada detalhe
da Obra deveria obedecer às proporções observadas na Natureza, fonte primordial
de toda inspiração”. Não há um único símbolo Maçônico (seja uma
coluna, triângulo ou avental) ou obra humana (seja um transistor, catedral ou
cidade) que dispense o traçado geométrico para sua criação e funcionalidade.
ASTRONOMIA: é a ciência natural que estuda os corpos e
fenômenos extra planetários. Preocupa-se com a evolução, a física, a química e
o movimento dos objetos celestes e o funcionamento do Universo. Já a Astrologia
(pseudociência), preocupa-se com supostas influências da posição dos Astros
sobre assuntos relacionados à vida e à personalidade humana.
Assim falou Hermes Trimegisto (2.700 a.C): "Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de
Mobilidade está encoberta a Realidade Substancial – a Verdade
Fundamental.” Com efeito, em Maçonaria, a importância da Astronomia está
materializada na abóbada celeste, na presença do Sol, Lua e Estrelas nos
Templos e Painéis de Grau, nas alegorias relativas à movimentação anual e diária do Sol
(solstícios e equinócios; meio-dia e meia-noite), na relação simbólica dos
Planetas com as Luzes, dentre outras. Também nos recorda que o Templo
onde tem curso os Trabalhos Maçônicos é o Universo: a derradeira fronteira da
Humanidade!
Conforme ficou evidenciado no presente trabalho, as Ciências do Quadrivium não constituem, apenas, o orgulho de uma
Arquitetura do passado. Seu valor também não pode ser mensurado por seu peso em
ouro, mas sim, como ferramentas de Trabalho fundamentais na busca de um
resultado proveitoso: Elas
nos vêm do passado e tendem para o futuro; Elas compelem nossa Alma a olhar mais longe!
REFERÊNCIAS:
A∴R∴L∴S∴
JEAN SIBELIUS, Grande Oriente do Paraná:
Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro; Rito Francês Moderno. Londrina, 2015.
ARTE
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acesso em 23/07/2018.
CAMINO,
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Janeiro: Editora Aurora, 1976.
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D´ELIA
Júnior, Raymundo. Maçonaria, 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras,
2017.
GRANDE
ORIENTE DO PARANÁ: Ritual do Companheiro Maçom. Tradução do Ritual “Cahier Du Grade de Compagnon au Rite
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Pedro. O REAA e sua relação com a Astronomia. http://iblanchier3.blogspot.com/2017/06/reaa-e-sua-relacao-com-astronomia.html
acesso em 07/08/2018.
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Arieh. Sêfer Ietzirá – O Livro da Criação: Teoria e prática. Tradução de Erwin
Von-Rommel Vianna Pamplona. São Paulo: Editora Sêfer, 2002.
MATEMÁTICA
7 Perspectivas: Quadrivium. Helena de Fátima Sousa Melo. Universidade dos
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MARTINEAU
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Da Geometria, Da Música E Da Cosmologia. Tradução Jussara Trindade de Almeida –
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acesso acesso em 18/07/2018.
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acesso em 03/08/2018.
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Juarez de Fausto. Astrologia ou Astronomia? https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2015/06/18/astronomia-ou-astrologia
acesso em 07/08/2018.
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