domingo, 12 de agosto de 2018

Artes Liberais e Maçonaria: O Quadrivium!



QUADRIVIUM: O ESTUDO DOS NÚMEROS!

 Etimologicamente, Quadrivium significa cruzamento de quatro caminhos (quadri, quatro; vium, caminho)Na Antiga Grécia, foi atribuído ao matemático pitagórico Arquitas de Tarento (428 – 347 a.C) a divisão da Matemática em quatro ramos, a saber:  Aritmética – ou ciência dos números em repouso; Música – ou arte dos números em movimento, podendo ser considerada como aplicação prática da aritmética; Geometria – ou ciência das grandezas em repouso, relacionadas a teoria do espaço; Astronomia – ou estudo das grandezas em movimento, uma aplicação prática da Geometria.
    Para Boécio (489 – 524 d.C) “se o investigador carece desses quatro ramos não poderá encontrar o que é verdadeiro e sem essa especulação da verdade nada pode ser retamente conhecido”. A afirmação de Boécio sugere a utilização do Quadrivium na busca da verdade, através do raciocínio abstrato e interpretação simbólica dos números.
      Essa mesma ideia é vista em Isidoro de Sevilha (560 – 636 d.C.) quando o mesmo divide a Filosofia em “especulativa” e “prática”, onde a primeira “eleva-nos acima do visível tornando possível contemplarmos as coisas divinas e celestiais, as quais só podem ser apreciadas com a mente, pois está acima do corpo”. O Quadrivium seria, portanto, o melhor meio de compreender a ordem do Universo, enquanto obra primorosa concebida pelo Grande Arquiteto.´
     Sabemos que o Universo é repleto de simetrias. Na Matemática há, de modo geral, dois tipos de simetrias: as simetrias geométricas e as numéricas. O Judaísmo (alicerce teológico do monoteísmo Ocidental) está em sintonia com este entendimento desde suas origens. Em hebraico, cada letra possui um valor numérico e simbólico. Neste sentido, a Torah é um Código Numérico (representativo do DNA da Criação) cujo estudo é um dos objetivos da Kabbalah. Neste ponto, pitagóricos e judeus concordam: Tudo é número!
    ARITMÉTICA: é o ramo mais elementar da Matemática, ocupando-se do estudo das operações numéricas: soma, subtração, multiplicação, divisão, etc. Etimologicamente, a palavra aritmética se originou a partir do grego arithmētik, que pode ser traduzido como "ciência dos números".
     Historiadores acreditam que a Humanidade começou a contar objetos há dez mil anos. O estudo das estruturas matemáticas começa com os números naturais e segue com extração de raízes quadradas, cúbicas, equações polinomiais, trigonometria, frações entre outros.  Para o Companheiro é uma Ciência fundamental seja enquanto chefe de família, empresário, consumidor ou mesmo como membro da Ordem Maçônica.
   Além da destacada importância para o sucesso de nossa existência material, a Aritmética possui grande valor iniciático, vez que possibilita ao Maçom uma compreensão mais profunda da Harmonia Universal.
    MÚSICA:  Desde as eras mais longínquas o homem produz sons. Esses sons, numa sequência melódica, originam a música. Todos os povos antigos, sem exceções, emprestaram a música um papel relevante nas celebrações religiosas, cívicas, bélicas, dentre outras. Para a Escola Pitagórica era um sinal da harmonia do Cosmos e via para alcançar o equilíbrio interno. Os pitagóricos foram os primeiros a fundamentá-la cientificamente. Consideravam, com acerto, que a música tinha uma aritmética escondida. 
   Estudos revelam que a Música Clássica (p. ex.) favorece a saúde, a concentração e eliminam padrões negativos de pensamento. De modo contrário, ritmos agressivos (como o hip hop e o funk carioca) produzem inquietação, desconforto, distúrbios psicológicos, agressividade e danos à saúde. 
      O Companheiro Maçom deve ter ciência que nosso organismo possui uma freqüência que rege os átomos e órgãos. Esta freqüência é influenciada pelas ondas sonoras e ritmos que ouvimos. Assim sendo, a Música que escutamos pode harmonizar nosso corpo ou causar um choque nocivo, desequilibrando o organismo. Conforme explica Camino (p. 132) a boa música é um elemento que conduz por caminho natural e suave à meditação. 
   GEOMETRIA: O Rito Francês praticado pelas Oficinas do Grande Oriente do Paraná define Geometria como “ciência que estuda o espaço e as estruturas” (p. 43), “fundamento da Ciência Positiva” (p. 77) e “Arte Liberal por excelência empregada por nossos honoráveis antepassados operativos. A Geometria é sinônimo de Maçonaria, pois governa os Fundamentos do Universo” (p. 60). Tal fato é corroborado pelo Poema Régius (antigo manuscrito da Maçonaria Operativa datado de 1.390 d.C). 
   Originalmente a letra ‘G’ significava apenas Geometria, a Arte Sagrada. Os demais significados só foram acrescidos no século XVIII. Diz o Ritual (p. 77): “Sem ela (Geometria) o Espírito do homem perder-se-ia em vãs filosofias”.
        A Geometria também é considerada a Ciência do Trabalho, pois ensina o homem a medir todas as coisas existentes no Universo. Para Camino (p. 251) “os Maçons faziam da Geometria seu principal objeto de estudo, porque cada detalhe da Obra deveria obedecer às proporções observadas na Natureza, fonte primordial de toda inspiração”. Não há um único símbolo Maçônico (seja uma coluna, triângulo ou avental) ou obra humana (seja um transistor, catedral ou cidade) que dispense o traçado geométrico para sua criação e funcionalidade.
   ASTRONOMIA: é a ciência natural que estuda os corpos e fenômenos extra planetários. Preocupa-se com a evolução, a física, a química e o movimento dos objetos celestes e o funcionamento do Universo. Já a Astrologia (pseudociência), preocupa-se com supostas influências da posição dos Astros sobre assuntos relacionados à vida e à personalidade humana.
     Assim falou Hermes Trimegisto (2.700 a.C): "Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de Mobilidade está encoberta a Realidade Substancial – a Verdade Fundamental.” Com efeito, em Maçonaria, a importância da Astronomia está materializada na abóbada celeste, na presença do Sol, Lua e Estrelas nos Templos e Painéis de Grau, nas alegorias relativas à movimentação anual e diária do Sol (solstícios e equinócios; meio-dia e meia-noite), na relação simbólica dos Planetas com as Luzes, dentre outras. Também nos recorda que o Templo onde tem curso os Trabalhos Maçônicos é o Universo: a derradeira fronteira da Humanidade!
      Conforme ficou evidenciado no presente trabalho, as Ciências do Quadrivium não constituem, apenas, o orgulho de uma Arquitetura do passado. Seu valor também não pode ser mensurado por seu peso em ouro, mas sim, como ferramentas de Trabalho fundamentais na busca de um resultado proveitoso: Elas nos vêm do passado e tendem para o futuro; Elas compelem nossa Alma a olhar mais longe! 
  
REFERÊNCIAS: 

ARLS JEAN SIBELIUS, Grande Oriente do Paraná: Apostila de Instrução do Grau de Companheiro; Rito Francês Moderno. Londrina, 2015.
ARTE REAL: Trabalhos Maçônicos. https://focoartereal.blogspot.com/2015/09/a-maconaria-e-as-sete-artesliberais-e.html, acesso em 23/07/2018.
CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Segundo Grau ‘Companheiro’. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Aurora, 1976.
CESA, Luciano. Os benefícios da música clássica; O que você precisa saber sobre música nociva. http://www.grandefraternidadebranca.com.br/musica_classica.htm.
D´ELIA Júnior, Raymundo. Maçonaria, 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras, 2017.
GRANDE ORIENTE DO PARANÁ: Ritual do Companheiro Maçom. Tradução do Ritual “Cahier Du Grade de Compagnon au Rite Français”, 2012. Curitiba, 2016.
KAPHAN, Arieh. Sêfer Ietzirá – O Livro da Criação: Teoria e prática. Tradução de Erwin Von-Rommel Vianna Pamplona. São Paulo: Editora Sêfer, 2002.
MATEMÁTICA 7 Perspectivas: Quadrivium. Helena de Fátima Sousa Melo. Universidade dos Açores, 2016.
MARTINEAU J. (Org) (2014). Quadrivium, As Quatro Artes Liberais Clássicas Da Aritmética, Da Geometria, Da Música E Da Cosmologia. Tradução Jussara Trindade de Almeida – São Paulo. É Realizações.
METAÉTICA: Filosofia pura e Simples. Artes Liberais: Trivuim e Quadrivium. https://metaeticasite.wordpress.com/2017/06/12/artes-liberais-trivium-e-oquadrivium acesso acesso em 18/07/2018.
MOSHE, Luis Genaro Fígoli. Simbologia dos números. http://espacodomacom.blogspot.com/2008/09/simbologia-dos-nmeros.html acesso em 03/08/2018.
PRESTUPA, Juarez de Fausto. Astrologia ou Astronomia? https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2015/06/18/astronomia-ou-astrologia acesso em 07/08/2018.

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