Portal do Cume; |
As Montanhas do Paraná são mágicas em todos os sentidos. Formações geológicas impressionantes como a Torre da Prata certamente figuram no imaginário e no roteiro de todos os amantes do Montanhismo. Há muitos anos que ansiava por peregrinar pelas Florestas, Campos e ter a dádiva de vislumbrar os amplos horizontes da Serra da Prata!
Maior elevação do litoral Paranaense com 1.497 metros s.n.m., sua história remonta aos primórdios da nossa colonização. Sua destacada posição foi importante referência para os Portos de Paranaguá e Antonina. Seu nome advém da crença que os colonizadores nutriam sobre a existência deste metal na Serra pelo efeito da água nas encostas de granito.
Outro fato interessante foi sua conquista relativamente recente. Em 1943 iniciou-se uma saudável disputa entre Andrejewski que optou pela face oeste e a dupla Buecken (gavião) & Setengel (canguru) que optaram pela face leste (via estação ferroviária de Alexandra) em uma célebre saga. Os últimos pisaram no cume virgem da Torre em 8 de abril de 1944.
A necessidade de no mínimo dois dias para se alcançar o cume (via Alexandra) levou o lendário Henrique Schmidlin (vitamina), Fernando Andrejewski (cipó), Ronaldo Cruz e Arlindo Toso em 1966 a optarem pela face oeste percorrendo um traçado semelhante ao atual.
A necessidade de no mínimo dois dias para se alcançar o cume (via Alexandra) levou o lendário Henrique Schmidlin (vitamina), Fernando Andrejewski (cipó), Ronaldo Cruz e Arlindo Toso em 1966 a optarem pela face oeste percorrendo um traçado semelhante ao atual.
Pois bem. Eis que no dia 01 de junho meu Irmão Derlan Quinhone (rabib) perguntou-me se gostaria de acompanhá-lo ao Pico Paraná. Disse-lhe que seria uma infinta honra e comentei que estava obcecado pela Torre da Prata. Em poucos dias, decidimos a logística, cronograma e roteiros da empreitada: Torre da Prata (dia 5) e Morro do Sete (dia 6).
Estabelecemos nossa base em Matinhos juntamente com nossas mulheres e filhos ao fim do dia 04. Desfizemos as malas fomos para a praia com as crianças. O visual da Torre ao Por do Sol foi inebriante... Afinal, seria no dia seguinte e de ataque! A noite foi de uma saudável ansiedade especulativa sobre as maravilhas que a lendária Montanha nos reservava...
Saímos de Matinhos as 6:00 e chegamos ao sítio do Sr. Jaime, sem percalços, perto das 7:00. Tempo limpo, temperatura agradável... Dia mais perfeito impossível! Com grande júbilo fincamos os pés na Trilha apequenados diante da imponência da Montanha!
A caminhada fluiu muito bem. A vegetação é um espetáculo a parte: Palmáceas, acanthaceaes, orquídeas, pteridófitas, bromélias de várias espécies... Lá pelas 9:30 chegamos na primeira clareira de onde descortinou-se um fantástico e estimulante panorama da Serra do Ibitiraquire. Primeiro registro! Animados seguimos em frente...
Serra do Ibitiraquire - Vista da Serra da Prata; |
Logo a trilha verticalizou-se, seguindo um traçado natural pela crista da Montanha. Rapidamente começamos a ganhar altitude e logo já estávamos na casa dos 1.000 metros s.n.m. Como em toda grande Montanha da Serra do Mar, a altimetria pode ser verificada pela simples observação dos biomas e de suas espécies endêmicas características!
Às 10:00 ingressamos definitivamente na Floresta Nebular. Chegar a este ponto é motivo de euforia: A incomparável beleza cênica também é um indicativo da proximidade de outro Bioma raríssimo: Os Campos de Altitude que, por sua vez, sinalizam a proximidade dos Cumes, dos amplos horizontes e de espécies vegetais belíssimas!
Eis que as 10:20 ingressamos definitivamente nos campos e logo avistamos o peculiar Portal de Granito que caracteriza a Montanha. Tocamos em frente com uma rápida parada no riacho de cima e as 11:15 alcançamos o Cume da Torre da Prata, de onde descortinou-se um horizonte completo do Parque Nacional Saint Hilaire-Lange e mais além...
Os ventos estavam tão bons que avistamos um panorama completo da Serra do Quiriri, Serra do Ibitiraquire, Conjunto Marumbi, Serra da Farinha Seca, Graciosa e praticamente todo o Litoral e Ilhas Oceânicas do Paraná (das imediações de Guaraqueçaba até Guaratuba). Após assinar o Livro de Cume (prefaciado pelo lendário Vitamina) permanecemos lagarteando e apreciando os amplos horizontes da Serra da Prata até as 13:00 hrs...
A descida foi tranquila, porém lenta. O Rabib estava de tênis que, embora mais leve, não é o calçado ideal para a Montanha. Ademais, segundo ele, era importante fazermos uma descida suave para poupar energias para o Morro do Sete, no dia seguinte. Eis que as 16:00 horas ainda não havíamos chegado nas Figueiras e Tucunzais da parte baixa da Montanha...
Decidimos acelerar e eis que acabamos por entrar em uma variante da trilha
(mais curta segundo os mapas) mas cujo acesso é por outra estrada. Ótima trilha, mas que não levaria ao nosso carro. Um erro pequeno, coisa de uns
250 metros e retornamos a trilha certa...
Chegamos ao sítio do Jaime perto das 18:00, sentindo o cansaço da jornada. Pagamos pelo
estacionamento e fomos agraciados com um cacho de bananas da terra (valeu Seu
Jaime)! De volta a "civilização" jantamos com nossas
Famílias em Matinhos. As 23:00 fomos para cama, afinal, teríamos mais Montanha no
dia seguinte, mas esta é uma outra história...
No Cume da Lendária Torre da Prata! |
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